O seminário
Trabalhando o gênero
Nos meios
escolares, acadêmicos, científicos e técnicos, são comuns as situações em que
uma pessoa ou um grupo de pessoas desenvolvem uma pesquisa e apresentam os
resultados a um público. Esse tipo de texto, produzido oral e publicamente, é
chamado de seminário e, tal como o texto de apresentação científica, o
relatório, o texto didático, a mesa-redonda, isto é, gêneros que se prestam à
transmissão de saberes historicamente construídos pela humanidade, pertence à família dos gêneros expositivos.
Como o
seminário é um gênero oral, ele só se realiza plenamente quando é apresentado
numa situação concreta de interação.
Planejamento e preparação de um seminário
Para a produção
de um seminário, é necessária uma organização prévia, que envolve várias
etapas. A primeira delas é a pesquisa sob o tema proposto, para coletar dados
para a exposição.
Pesquisa, tomada de notas e produção de roteiro
Como a
finalidade do seminário é transmitir para os ouvintes conhecimentos sobre o
assunto pesquisado, o apresentador deve se colocar na posição de um
especialista no assunto em
foco. Isso quer dizer que ele deve demonstrar conhecer o tema
mais do que os ouvintes, pois é essa condição que lhe confere autoridade para
discorrer sobre o assunto com segurança.
Para conquistar
a condição de especialista no assunto e ganhar respeito do público, o
apresentador deve adotar os seguintes procedimentos:
1. Pesquisar em bibliotecas, na Internet, em livros,
em jornais, em revistas especializadas, em enciclopédias, em vídeos, etc., que
poderão servir de fontes de informação sobre o tema.
2. Tomar notas, resumir ou
reproduzir textos verbais e não verbais que possam ser úteis. Esse trabalho tem
em vista a produção de um roteiro próprio do apresentador e consiste em anotar
dados históricos ou estatísticos, citações, comparações, exemplos, etc.
3. Selecionar e organizar as informações, tendo em
vista os passos da exposição:
• como introduzir, desenvolver e concluir a exposição;
• quais subtemas serão abordados no desenvolvimento;
• quais exemplos ou apoios (gráficos, dados estatísticos) serão utilizados
para fundamentar a exposição;
• que materiais e recursos audiovisuais (cartazes,
apostilas, lousa, retroprojetor, datashow, microfone, etc.) serão necessários.
Nesse planejamento,
devem ser levadas em conta as características do público-alvo, como faixa
etária, tipo de interesse, expectativas e conhecimentos prévios em relação ao
tema abordado, etc. Convém planejar um encaminhamento interessante para a
exposição, como, por exemplo, intercalar o uso da voz com o uso de recursos
audiovisuais.
4. Redigir um roteiro que permita visualizar
não apenas o conjunto das informações que serão apresentadas, mas também a
sequência em que isso vai ocorrer. Esse roteiro deve conter algumas
informações-chave que orientem o pensamento do apresentador durante a
exposição, indicações de recursos audiovisuais, se for o caso, textos de
autoridades ou especialistas que serão citados pelo apresentador, etc. Atenção:
esse roteiro não deve ser lido integralmente durante o seminário. Antes da
exposição, ele serve para organizar as ideias do apresentador; durante a
exposição, serve de apoio para que o apresentador se lembre de informações e
tópicos básicos, além do andamento da apresentação
Apresentação de um seminário
Durante a exposição, podem ocorrer
fatos não previstos. Por exemplo, o público pode não compreender bem o conteúdo
da exposição; um aparelho audiovisual pode não funcionar; um integrante do
grupo pode faltar ou ficar nervoso e esquecer o texto; uma cartolina pode cair
da parede; etc. Por isso, é preciso estar atento a vários aspectos
simultaneamente e, de acordo com a necessidade, introduzir modificações e
improvisar soluções a fim de alcançar o melhor resultado possível.
A seguir, relacionamos alguns dos
aspectos que devem ser observados.
Sequência e andamento da exposição
1. Abertura: alguém (geralmente o professor) faz uma
apresentação inicial breve e dá a palavra ao apresentador. Faz isso com
palavras como "Vocês agora vão assistir ao seminário preparado por
fulano..."
2. Tomada da palavra e cumprimentos: o
apresentador deve, primeiramente, colocar-se à frente da plateia, cumprimentá-la e tomar a palavra.
3. Apresentação do tema: o apresentador diz
qual é o tema, fala da importância de abordá-lo nos dias de hoje, esclarece o
ponto de vista sob o qual irá abordá-lo e, no caso de se tratar de um tema
amplo, delimita-o, isto é, indica qual aspecto dele será enfocado. Por exemplo,
se o tema é a poluição do meio ambiente, a delimitação pode consistir em
enfocar apenas a poluição dos rios. Esse momento do seminário tem em vista
despertar na plateia curiosidade sobre o tema,
4. Exposição: o apresentador segue
o roteiro traçado, expondo cada uma das partes, sem atropelos. Ao término de
cada uma, deve perguntar se alguém quer fazer alguma pergunta ou se pode ir
adiante. Na passagem de uma parte para a outra, deve dar a entender que não há
ruptura, e sim uma ampliação do tema. Para isso, deve fazer uso de certos
recursos linguísticos, com expressões como "Outro aspecto que vamos
abordar...", "Se há esses aspectos negativos, vamos ver agora os
aspectos positivos...", etc.
5. Conclusão e encerramento: o
apresentador retoma os principais pontos abordados, fazendo uma síntese deles;
se quiser, pode mencionar aspectos do tema que merecem ser aprofundados em
outro seminário; pode também deixar uma mensagem final, algo que traduza o seu
pensamento ou o pensamento do grupo ou de um autor especial. No final, agradece
a atenção do público e passa a palavra a outra pessoa.
6. Tempo: o apresentador deve estar atento ao
tempo previsto e, de acordo com o andamento do seminário, ser capaz de
introduzir ou eliminar exemplos e aspectos secundários, caso haja necessidade,
a fim de se ajustar ao tempo estipulado.
Postura do apresentador
1.
O apresentador deve preferencialmente falar em pé, com o roteiro nas mãos,
olhando para o fundo da sala. Sua presença
deve expressar segurança e confiança.
2. A fala do apresentador deve ser alta,
clara, bem articulada, com palavras bem pronunciadas e variações de entonação,
a fim de que a exposição não fique monótona.
3. Ao olhar para o roteiro, o apresentador
deve fazê-lo de modo rápido e sutil, sem que seja necessário interromper o
fluxo da fala ou do pensamento. Além disso, ao olhar o roteiro, não deve
abaixar demasiadamente a cabeça, a fim de que a voz não se volte para o chão. O
roteiro deve ser rapidamente olhado, e não lido (a não ser no caso de leitura
de uma citação), pois tal procedimento geralmente torna a exposição enfadonha.
4. O apresentador nunca deve falar de costas
para a plateia, mesmo que esteja escrevendo na lousa ou trocando uma
transparência no retroprojetor. Nessas situações, deve ficar de lado e falar
com a cabeça virada na direção do público, a fim de que sua voz seja ouvida por
todos.
5. O apresentador deve se mostrar
simpático ao público e receptivo a participações da plateia.
Uso da linguagem
Nos seminários, predomina a variedade padrão da língua, embora possa haver
maior ou menor grau de formalismo, dependendo do grau de intimidade entre os
interlocutores. Assim:
1.
O apresentador deve evitar certos
hábitos da linguagem oral, como a repetição constante de expressões como "tipo", "né?", "tá?"
e "ahnn...", pois elas prejudicam a fluência da exposição.
2. O apresentador deve estar atento ao emprego
de vocábulos e conceitos específicos da área pesquisada e explicar ao público
seu significado sempre que houver necessidade.
3. Durante a exposição, o apresentador deve
fazer uso de expressões de reformulação, isto é, aquelas que permitem explicar
de outra forma uma palavra, um conceito, ou uma ideia complexa. As mais comuns
são: "isto é", "quer dizer", "por exemplo",
"em outras palavras", "vocês sabem o que é isso?". Deve
também fazer uso de expressões que confiram
continuidade ao texto, como "além disso", "por outro lado",
"outro aspecto", "apesar disso", etc.
Apresentação de um seminário em grupo
Além das orientações dadas anteriormente, a exposição em grupo exige
atenção quanto a mais alguns aspectos específicos.
1.
Cada integrante do grupo pode ficar responsável pela apresentação de uma das
partes do seminário. Entretanto, entre a exposição de um participante e a de
outro deve haver coesão, isto é, não pode haver contradição entre as exposições
nem ser dada a impressão de que uma fala é independente de outra. Cada
exposição deve retomar o que já foi desenvolvido e acrescentar, ampliar. Além
disso, devem ser empregados elementos linguísticos de coesão, como "Além
das causas que fulano comentou, vejamos agora outras causas, menos
conhecidas...", 'Vocês viram as consequências desse problema no meio
urbano; agora, vão conhecer as consequências do mesmo problema no meio
rural...".
2.
O grupo todo deve se "especializar" no assunto em foco. Além de conferir
maior segurança às exposições individuais, isso permite também que todos
respondam com tranquilidade a qualquer pergunta feita pelo público.
3.
Devem ser evitadas atitudes que desviem a atenção do apresentador, como
conversas entre os membros do grupo, conversas entre um membro do grupo e uma
pessoa da plateia, movimentos, ruídos ou brincadeiras que atrapalhem a
exposição. Não há obrigatoriedade de que todos fiquem em pé enquanto um dos
integrantes do grupo faz sua apresentação.
4.
Enquanto um dos apresentadores expõe, os outros podem contribuir manuseando os
equipamentos (transparências, vídeo), trocando cartazes, apagando a lousa ou
simplesmente ouvindo.
(Adaptado de Português;
linguagens, língua portuguesa, Willian Carlos Cereja e Thereza Cochar
Magalhães, São Paulo, Ed. Atual, 2004.)
Temas dos seminários
1º ano
- A Evolução das Máquinas Térmicas;
- O uso da Energia Térmica e Nuclear para produção de Energia Elétrica;
- O uso de Energia Eólica e Hídrica para produção de Energia Elétrica;
- A História do Fogo: do Flogístico a nova Teoria do Calor;
- O álcool combustível e o biodiesel como alternativa de produção de energia para o mundo, que coloca o Brasil em evidência global.
2º Ano
- A produção da energia que o corpo humano usa;
- As causas e consequências da energia promovida pelas bebidas energéticas;
- A convivência humana com a energia sonora;
- A produção de energia através da queima da madeira;
-
O álcool combustível e o biodiesel como alternativa de produção de
energia para o mundo, que coloca o Brasil em evidência global;
- Energia elétrica: como usar evitando acidentes;
- Dicas para economizar energia;
- Apagões elétricos: causas e consequências.
- O uso das energias térmica e nuclear para produção de energia elétrica;
- O uso das energias eólica e hídrica para a produção de energia elétrica.
Tópicos a serem avaliados na apresentação oral
(Seminário)
TÓPICO
|
CRITÉRIO
|
NOTA
|
Gestão do tempo
|
Avaliar o uso do tempo disponibilizado para
apresentar o trabalho. O grupo fez bom uso do tempo? Se estendeu além do
necessário ou foi breve demais?
|
2,0
|
Capacidade de expressão oral e capacidade de
síntese
|
Avaliar se a apresentação do trabalho teve uma
sequência lógica e uma clareza objetiva. O grupo demonstrou ter se preparado
adequadamente para transmitir o conhecimento adquirido? O grupo demonstrou
domínio do assunto abordado?
Avaliar se as ideias e conteúdos fundamentais do
trabalho foram apresentados de forma clara e coerente, se o tema foi
apresentado de forma organizada.
|
3,0
|
Criatividade do grupo
|
Avaliar a criatividade do grupo ao expor o
conteúdo apresentado. Fizeram um bom uso dos recursos disponíveis (cartazes,
teatro, recursos audiovisuais, experimentos etc.)
|
2,0
|
Postura do grupo
|
Avaliar se os alunos demonstraram uma postura
corporal e gestual, bem como um comportamento adequado durante a
apresentação.
|
2,0
|
Resposta aos questionamentos
|
Avaliar se os integrantes do grupo souberam
responder de forma convincente as questões levantadas.
|
1,0
|